segunda-feira, 15 de abril de 2013

“Tu podes fazer qualquer coisa, mas não tudo.”

Há muito que por aqui não passava. E hoje passo em mood de terapia, porque escrever ajuda a organizar ideias e partilhar aquilo que se sente ajuda a limpar a alma.
E mais do que tudo isso, mostro à minha filha que não há vidas perfeitas, não há só dias de algodão e flores… mas que cá em casa existirá sempre vontade de lutar!

Hoje é o meu momento STOP, que já fazia falta, pois nem todos os dias é possível parar, desligar deste mundo e desta vida que nos suga e arrumar esta “casa”.
Há quem se lamente que a vida deu uma volta de 180º. Por aqui, quando a vida nos prega partidas, não é só uma volta, é um turbilhão de cambalhotas, pior que uma montanha russa, que até fico mal-disposta. Mas a montanha russa pára e quando isso acontece não podemos ficar lá sentados, se não ganhamos outra volta. Só podemos sair, reerguer-nos, não olhar para trás e seguir em frente. E é nesse momento em que estou: já saí da montanha russa e estou a tentar seguir… mas devagarinho, porque ainda estou meio zonza.
Lidar com a dor e encarar os dias que são menos bons não é lamentar o que acontece e fazermo-nos de coitadinhos. É, antes, assumir que temos coração, que engrandece quando somos tão felizes, e que fica apertado quando não sabemos o que nos está a acontecer.
É difícil lidar com a doença de quem gostamos. É complicado ver que a vida não é assim tão segura e que de um momento para o outro, alguém que está bem, afinal não está. Custa vermos alguém de quem gostamos perder a força, genica, resistência… e ser consumido pela doença.
Tudo abana, tudo fica instável e, pelos vistos, a partir daí é fácil acontecer tudo ao mesmo tempo.
A Carolina foi para a creche na semana passada. Ainda não sei se está a dar-se bem ou não. Aparentemente está a correr tudo bem. Mas não deixa de ser difícil para o coração de mãe de primeira viagem deixarmos o nosso tesouro com alguém que não conhecemos, num sítio que ela não conhece. Neste momento, só posso dizer que gosto imenso das pessoas e da creche e que estou segura de que tratam bem a Carolina. Mas é sempre uma grande mudança, um grande choque.
E, bem mais depressa do que estava à espera, comprovámos cá em casa que os infantários são uns autênticos “infectários” e a nossa princesa que esteve sempre bem está com uma virose (acho que é o que os médicos dizem quando não fazem a mínima ideia do que será) que dá direito a nariz muito ranhoso, tosse e febres de 39,5º que fazem qualquer mãe suster a respiração e arranjar forças onde não tem para cuidar da cria. A Carolina é uma bebé bem-disposta e nem com estas febres fica muito prostrada e apática. Ela fica é muito chorona (faixa do CD: queixinhas), só quer colo e mimo e não me deixa fazer nada de nada a não ser estar com ela… o pior é que é isto de dia e de noite. E nós não sabíamos muito bem o que seriam noites mal dormidas por causa dela. Desde Quinta que as minhas noites são levantar-me de hora a hora para ir socorrê-la. Só espero que passe depressa.
A somar a isto tudo, tenho-me desdobrado em vários membros inferiores e superiores para conseguir chegar a tudo… pois o João encontra-se ausente do país. Há quem lhes chame super-mães, há quem visualize melhor a imagem de um polvo… eu vejo uma cara com olheiras, dores nas costas e pouca tolerância para o que não me interessa ou não me faz bem.

Toda a gente deveria fazer psicoterapia pelo menos uma vez na vida. Não porque tenha algum problema, mas apenas porque é importante conhecermo-nos bem: identificar as nossas limitações, reconhecer os nossos pontos fortes e perceber que ferramentas estão ao nosso alcance para nos mantermos à tona. Eu ganhei isso e quando estou mais aflita lá vou eu buscar o que aprendi com a Maria e paro para me organizar.
A minha reflexão hoje vai de encontro a esta frase: “You can do anything, but not everything” / “Tu podes fazer qualquer coisa, mas não tudo.”.
É uma linha ténue aquela que separa a capacidade de fazermos qualquer coisa e a capacidade (inexistente) de fazer tudo.
Eu sinto-me capaz de: lutar por aquilo que quero, de trabalhar, de cuidar da Carolina, de ter tempo para estar com os meus amigos ou pelo menos ligar ou mandar mensagem nem que seja uma vez por mês, de servir a comunidade, de estudar e fazer uma tese de mestrado, de orientar as coisas cá por casa, de gerir as contas, de pagar despesas e impostos, de ter tempo para namorar e cuidar da estrutura desta família…
Mas eu não me sinto capaz de fazer isto tudo.
É muito difícil abdicar da perfeição, do controlo, do querer fazer sempre bem, sempre mais além, ter que ordenar e escolher prioridades e simplesmente não poder fazer tudo.
“You can do anything, but not everything” / “Tu podes fazer qualquer coisa, mas não tudo.”. E é assim que é suposto ser!

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