Os dois meses da Carolina trazem tantas, mas tantas novidades! A sensação é de que estão a acontecer muitas coisas, ao mesmo tempo, e muito depressa.
Vacinas
Infelizmente para a Carolina, fazer dois mesinhos no dia 27 foi também sinónimo de que começará a longa e dolorosa caminhada da vacinação. No dia 30 de Outubro, fomos até ao Hospital da Luz, para que ela tomasse as vacinas marcadas para o segundo mês. A Carolina tomou as duas vacinas previstas no plano nacional de vacinação: numa pernoca (já rechonchuda) a 2ª dose da VHB e na outra pernoca a vacina DTPa Hib VIP – contra a difteria, tétano, tosse convulsa, doenças causadas por Haemophilus influenzae b e poliomielite. Tomou ainda por recomendação da pediatra, por via oral, a Rotarix, para evitar gastroenterites graves.
O tempo de espera foi grande – cerca de hora e meia – o que fez com que pais e filha já estivessem impacientes. Quando entrámos, o atendimento do enfermeiro foi 5 estrelas e compensou a espera. Ainda assim, foi um daqueles momentos que qualquer mãe ou pai prefere esquecer. O que ela chorou! Chorou desalmadamente, suspendendo a respiração, ao ponto de eu querer fugir dali, com ela no meu colo! Foi uma sensação nova, estranha e avassaladora. Nunca tinha sentido aquilo pela Carolina: ver a minha filhota a chorar, de dor, e eu ter que a agarrar, porque como mãe tinha que assumir que aquilo é o melhor para ela.
Quantas vezes teremos que ser fortes e firmes, levando até ao fim aquilo que achamos ser o certo, mesmo que lhes doa e os faça chorar?!?!? Ao aceitar a missão de ser mãe, vou descobrindo que a resposta deverá ser: milhões de vezes!!!
A Carolina não reagiu muito mal às vacinas: não teve febre, o cocó ficou um pouco alterado (até há poucos dias) e teve um dia muito chocha... mas depois passou.
Consulta dos dois meses
Na
passada quinta-feira, dia 8 de Novembro, tivemos a consulta pediátrica
dos dois meses. Correu tudo bem. A médica quando viu a Carolina nem
queria acreditar que ela ia à consulta dos dois meses, porque achou-a
muito crescida e desenvolta. Até nós vamos notando algumas diferenças
nela, as coisas que ela não fazia e começa a fazer, de um dia para o
outro.
Ela aumentou 1,120 Kg face ao mês anterior (passou de 3,870 Kg
para 4,990 Kg) e cresceu 4 cm (passou de 53 cm para 57 cm). Tirámos
todas as dúvidas que tínhamos e a maioria das respostas passou sempre
por “é normal”.
A médica disse-nos que as capacidades motoras da
Carolina estão muito bem e que ela tem imensa força. Depois disse-nos
aquela frase, que nos enche, ao mesmo tempo, de orgulho e medo:
“preparem-se que ela é uma rija!”. Estaremos à altura? (certamente, o
pai estará sempre mais que a mãe)![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggl3mveCyi7QemJz6olcg79rSb_AuXT66aWeDNbGVusNU6W9iclQU0gHMfyx6syqEUi_eqHfuhMbmHYKc_dUcdWEJ9Lf_LZQMRFWAMcfI0Xko7mGveK8V02Aid3o-D8y9GyG1-6D2vWRU/s320/2.jpg)
Comentei com a médica que a nossa
“rija”, sempre que se apanha ao colo na vertical, faz imensa força com
as pernas, como que a querer colocar-se em pé. Perguntei se não havia
problema ou se devíamos evitar. Ela disse que recomenda que nós a
obriguemos a sentar, para que ela ganhe (ainda mais) força na coluna e
cabeça. E tudo deve ser feito por esta ordem: aguentar a cabeça,
fortalecer a coluna, sentar e só depois desenvolver as pernas, porque um
bebé que não se senta, não gatinhará ou andará.
O outro ponto
relevante para este diário é a Carolina ainda não ter o umbigo bem
sarado. Tem uma pequena hérnia umbilical. A médica não deu muita
importância ao caso e na verdade o nome assusta mais que a realidade.
Uma bebé ter uma hérnia umbilical não é mais do que ter o umbigo para
fora e o processo de cicatrização ainda não estar completo. Veremos como
será a evolução e quando sarará, mas não tem que ser tema de
preocupação.
Nunca ninguém me tinha falado deste assunto e agora que abordámos o assunto, aprendemos e falámos sobre algumas coisas.
Antigamente
era hábito enfaixar os bebés e até colocar uma moeda no umbigo para que
ele ficasse para dentro e bonito. A minha mãe fez-me isto. Não posso
dizer que tenha sido uma péssima ideia, porque na verdade acho que até
tenho um umbigo bonitinho e a moeda era das grandes e pesadas (as de 50
escudos eram as maiores, não?) porque nem com a gravidez o umbigo saiu.
No
entanto, hoje estas práticas não são recomendadas, pois podem
prejudicar a respiração e o conforto dos bebés e algumas coisas que
diziam antigamente deixaram também de ser verdades correntes: as hérnias
umbilicais não aparecem porque os bebés choram muito – a Carolina não
está catalogada como chorona e tem.
Uma das coisas que li e achei
muito interessante foi: “as hérnias umbilicais são mais frequentes em
recem-nascidos pré-termo, de baixo peso (< 2.500Kg), nas meninas, na
raça negra e em algumas doenças generalizadas, como por exemplo,
trissomia 21”.
A Carolina sai sempre de rastos da consulta da
pediatra. Ela está habituada a ser tratada com todos os cuidados e
delicadezas. Depois chega lá e é mexida e torcida de toda a forma e
feitio. Quando sai da médica, só quer colinho e mimos e assim que chega
ao carro, aterra para uma bela sesta, que a refaça de tamanha
“montanha-russa”.
No geral, a consulta correu lindamente e a nossa princesa está desenvolvida e saudável.
Além de saudável, acorda super bem-disposta com o maior sorriso do mundo! A mãe não resiste e baba, baba...
Logo
a seguir à consulta da Carolina, o João foi buscar o seu carro novinho!
E que carro! Parece um avião. Foi o máximo ver o João tão satisfeito,
tão feliz, no seu carro novo, que conseguiu depois de tanto esforço e
trabalho. Para mim, o dia estava ganho!!! Tenho imenso orgulho nele e em
tudo o que ele consegue alcançar com a sua dedicação, empenho e
honestidade.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj09kC7U8FvA4ij22H2OjPufAocUeKB4g7RdUilJsRhdtR679HSWTrfiq__pAARu_pm-CLfPVCvIj9pszAsXW342C_MT1-Ow_YMmcP2lI1zs_GM7FoVTpIp8ou2WRxUIq8-RbNl_-zL1ak/s640/Carro_1odia.jpg) |
João ao volante do seu carro novinho |
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkDY7_FBOTldIuuVVoUV8fhIlCkVcC51vpu3ZmK7u6b1PiSQZWcGZA3RYp702FNEqKiUJjbVnnj2ifEYtcmVQCu0Gz6oeoVvN1WQWXVtEt4EOseG6rp_c55Igqr7z9tE5XSE1gvqO2-lI/s320/11.jpg)
Como é óbvio, tinhamos que experimentar o
carro e gozar o brinquedo novo. Fomos jantar até às docas. Eu adorei o
carro. O João ainda nem estava a acreditar e a Carolina não gostou
muito... ela refila um bocadinho quando vai no carro e temos que parar
nos semáforos (oh filha, o que seria de Lisboa sem semáforos!!). Agora
imaginem o que ela reinvindicou quando o pai parava nos semáforos e o
carro, com stop&go, se desligava. Ela dormitava e assim que
paravamos num semáforo, ela refilava. Que engraçada que nos saiu esta
princesa!
Nesse dia, eu e o João comentámos um assunto, dado alguns
olhares, que irei reflectir e fazer um post futuro: será que somos uns
pais inconsequentes/irresponsáveis por irmos jantar às docas, às dez da
noite, com uma bebé de dois meses?
Para gozarmos de uma longa
viagem, fomos no Sábado, dia 10, até Fátima. Fomos agradecer a Nossa
Senhora tudo o que temos vivido e recebido, o facto de a Carolina ter
nascido bem e saudável e pedir que nos dê forças e nos acuda nesta
missão de maternidade e paternidade. E que bem soube, estar em Fátima com tão pouca gente e com tanta tranquilidade.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXvgVs2fC6vZsfNadvblCXhbqcRJklxJk76e81UTx-oUw0W_Fs4ibRQN3Tsn8U78GGx0K5h16pyr4ZbuiRH-cCLn7n6HZqZP1kJCOq9m2P3cgehDVvE6dGP97k4VtMXsG4Bdrwqhbb48g/s320/69522954.jpg)
A viagem foi fantástica. A Carolina dormiu até lá, esteve acordada e portou-se bem enquanto estivemos em Fátima e dormiu, novamente, todo o caminho de regresso.
Não
quero alongar-me muito no assunto, mas a chegada do carro foi uma
grande alegria para nós e significa várias coisas na nossa vida. É o
primeiro carro do João. Ele obteve-o exclusivamente como resultado do
seu trabalho. Ele lutou – e não foi pouco – para o poder ter. E que
orgulho!
Desde sempre que nós vivemos com um carro. A nossa vida era
gerida e limitada em função disso. Não dava para os dois querermos ir de
carro, ao mesmo tempo, a sítios distintos. Não era viável sairmos para o
trabalho ou regressarmos a casa a horas distintas. Quando isso
acontecia era porque solucionavamos o esquema com uma viagem de táxi ou
uma viagem extra.
Não somos coitados, nem de perto nem de longe,
porque há muita gente que vive sem carro e dependentes de transportes
públicos que não passam a horas, cujos passes são caros e que ficam
longe de suas casas.
No entanto, no sítio onde moramos não
conseguimos chegar a transportes públicos com a maior das facilidades.
Assim, sempre nos habituámos aos tais esquemas, sempre bem combinados e
oleados, para que o carro chegasse para os dois.
Ter um só carro tem, pelo menos, a vantagem de ser mais barato, quer na manutenção, quer no consumo.
Ainda
assim, não me esqueço que desde que fiquei em casa de baixa até ao dia
em que ele recebeu o carro, muitos foram os dias em que não podia ir a
nenhum sítio – sem ser dar uma volta no bairro – porque não tinha
transporte.
Por isso, a chegada do carro do João é também sinónimo de autonomia, liberdade, quer para mim, quer para ele.
Tão
depressa falo da liberdade, como sinto o oposto. E o motivo resume-se a
quatro letrinhas: T - E - S - E. No passado dia 9 fui entregar, pela
segunda vez, o adiamento do prazo de entrega. Desejo que desta vez seja
diferente e que o entusiasmo não se esfume quando a vontade, motivação
ou energia escassearem. Querida Carolina, será que no dia em que leres
isto, eu poderei dizer-te que todos estes medos são tontos e que fiz a
tese “com uma perna às costas”?
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